Pares ordenados
A ordem dos elementos em um conjunto não faz diferença; ou seja, os conjuntos \(\{a,b\}\) e \(\{b,a\}\) são iguais. Além disso, os conjuntos \(\{a,a,b\}\) e \(\{b,b,a\}\) são também iguais ao conjunto \(\{a,b\}\) e não tem como indicar quantas vezes um conjunto contém algum elemento. Às vezes é necessário trabalhar com coleções ordenadas de objetos (onde a ordem faz diferença) que podem também conter elementos mais que uma vez. Para isso servem os pares ordenados. O par ordenado dos objetos \(a,b\) é denotado por \((a,b)\).
A propriedade fundamental de pares ordenados é que \[
(a,b)=(c,d)\quad \bicond\quad a=c\mbox{ e }b=d.
\]
Uma possível definição formal de um par ordenado é devido ao matemático Kuratowski. Ele definiu o par ordenado \((a,b)\) como o conjunto \(\{\{a\},\{a,b\}\}\). O leitor pode verificar que definindo assim pares ordenados, o conceito obtido satisfaz a propriedade fundamental.
Exemplo 6.1 No plano cartesiano, um ponto \(P\) está definido com suas coordenadas \((x,y)\); ou seja, com o par ordenado \((x,y)\). Por exemplo, o ponto \(P=(1,2)\) é diferente do ponto \(Q=(2,1)\) e precisamos também falar do ponto \(R=(-1,-1)\). De fato, dois pontos \(P_1=(x_1,y_1)\) e \(P_2=(x_2,y_2)\) são iguais se e somente se \(x_1=x_2\) e \(y_1=y_2\).
O produto cartesiano
Definição 6.1 O produto cartesiano de dois conjuntos \(A\) e \(B\) é o conjunto de pares ordenados \((a,b)\) tais que \(a\in A\) e \(b\in B\). Em símbolos, \[
A\times B=\{(a,b)\mid a\in A\mbox{ e }b\in B\}
\]
Exemplo 6.2 Por exemplo, se \(A=\{1,2\}\) e \(B=\{1,3,4\}\), então \[
A\times B=\{(1,1),(1,3),(1,4),(2,1),(2,3),(2,4)\}
\]
Exemplo 6.3 O conjunto dos pontos no plano cartesiano pode ser identificado com o conjunto \[
\R\times \R=\{(x,y)\mid x,y\in \R\}.
\]
\(k\)-uplas ordenadas e produto cartesiano de vários conjuntos
Similarmente ao par ordenado, podemos considerar coleções ordenadas \((a_1,a_2,\ldots,a_k)\) (chamadas de \(k\)-uplas) de objetos. A propriedade fundamental destes \(k\)-uplas é que \[
(a_1,a_2,\ldots,a_k)=(b_1,b_2,\ldots,b_k)\quad\mbox{se e somente se}\quad \forall i\in\{1,\ldots,k\}\colon a_i=b_i.
\]
Podemos definir o produto cartesiano de conjuntos \(A_1,\ldots,A_k\) como \[
A_1\times \cdots \times A_k=\{(a_1,a_2,\ldots,a_k)\mid \forall i\in\{1,\ldots,k\}\colon a_i\in A_i\}.
\]
Exemplo 6.4 Similarmente ao plano cartesiano, um ponto no espaço cartesiano pode ser caraterizado por uma \(3\)-upla (tripla) \((x,y,z)\in\R\times \R\times \R=\R^3\). Assim o espaço cartesiano pode ser identificado com o conjunto \(\R^3=\R\times \R\times\R\).
Na disciplina GAAL, vocês estudam o espaço \(\R^n\) que pode ser visto como o produto cartesiano \(\R\times\cdots\times\R\) de \(n\) cópias de \(\R\) e seus elementos são \(n\)-uplas \((x_1,\ldots,x_n)\) com \(x_i\in \R\).
Relações
Definição 6.2 Sejam \(A\) e \(B\) conjuntos. Uma relação entre \(A\) e \(B\) é um subconjunto \[
R\subseteq A\times B.
\] Quando \(A=B\) e \(R\subseteq A\times A\), dizemos que \(R\) é uma relação sobre \(A\).
Exemplo 6.5 Por exemplo, considerando o conjunto no Exemplo 6.2, o conjunto \[
R=\{(1,3),(1,4),(2,1)\}
\] é uma relação entre \(A\) e \(B\).
Definição 6.3 Seja \(R\subseteq A\times B\). Quando \((a,b)\in R\) dizemos que \(a\) está relacionado com \(B\), \(a\) está em relação com \(b\), ou que \(a\) e \(b\) estão relacionados. Neste caso escrevemos \[
aRb.
\]
Exemplo 6.6 No Exemplo 6.5, temos que \(1\) está relacionado com \(3\) pela relação \(R\) e escrevemos que \(1R3\). Por outro lado, \(2\) não está relacionado com \(3\) pela mesma relação e escrevemos que \(2\not R3\).
Quando trabalhamos com relações teoricamente, denotamo-nas com letras como \(R\), \(Q\), \(S\), etc. Quando trabalhamos com relações particulares, usaremos símbolos tais como \(=\), \(\leq\), \(<\), \(\prec\), etc, como nos seguintes exemplos.
Exemplo 6.7 Os seguintes são exemplos importantes de relações.
Em qualquer conjunto \(A\neq\emptyset\), temos a relação igualdade \(=\). Formalmente, a igualdade é a relação \[
\{(a,a)\mid a\in A\}\subseteq A\times A.
\] Dois elementos \(a,b\in A\) estão relacionados se e somente se \(a=b\).
Se \(A\subseteq \R\) não vazio, então temos a relação menor \(<\). Esta relação está definido com o conjunto \[
\{(a,b)\in A\times A\mid a<b\}\subseteq A\times A.
\] Podemos definir similarmente a relação menor ou igual \(\leq\) como o conjunto \[
\{(a,b)\in A\times A\mid a\leq b\}\subseteq A\times A.
\] Além disso, o leitor pode também definir as relações maior e maior ou igual.
No conjunto \(\Z\) podemos definir a relação divisor \(\mid\). Esta relação está definida formalmente como \[
\{(a,b)\in\Z\times\Z\mid b=qa\textrm{ com algum }q\in \Z\}.
\]
Propriedades de relações
Definição 6.4 Seja \(R\) uma relação sobre \(A\).
- Dizemos que \(R\) é reflexiva se \(aRa\) para todo \(a\in A\) (ou seja \((a,a)\in R\) para todo \(a\in A\)).
- Dizemos que \(R\) é simétrica se \(aRb\) implica que \(bRa\) para todo \(a,b\in A\).
- Dizemos que \(R\) é antisimétrica se \(aRb\) e \(bRa\) implicam que \(a=b\) para todo \(a,b\in A\).
- Dizemos que \(R\) é transitiva se \(aRb\) e \(bRc\) implicam que \(aRc\) para todo \(a,b,c\in A\).
Exemplo 6.8 Considerando as relações no Exemplo 6.7, temos que as relações de igualdade, maior ou igual, menor ou igual, e divisor são reflexivas. A igualdade é simétrica. As relações maior ou igual, menor ou igual, maior e menor são antisimétricas, e todas as relações neste exemplo são transitivas.
Relações de equivalência
Definição 6.5 Seja \(A\) um conjunto. Uma relação \(R\subseteq A\times A\) é dita relação de equivalência se
- \(R\) é reflexiva (ou seja, \(aRa\) para todo \(a\in A\));
- \(R\) é simétrica (ou seja \(aRb\) implica \(bRa\) para todo \(a,b\in A\)); e
- \(R\) é transitiva (ou seja \(aRb\) e \(bRc\) implica \(aRc\) para todo \(a,b,c\in A\)).
As relações de equivalência são normalmente denotados com os símbolos \(\equiv\), \(\cong\), etc, e escrevemos \(a\equiv b\) ou \(a\cong b\) em vez de \(aRb\).
Exemplo 6.9 O protôtipo das relações de equivalência é a relação de igualdade. A relação de igualdade \[
\{(a,a)\mid a\in A\}
\] é uma relação de equivalência para todo conjunto \(A\).
Exemplo 6.10 Seja \(A=\{1,2,3,4,5\}\) e seja \[
\equiv=\{(1,1),(2,2),(3,3),(4,4),(5,5),(1,2),(2,1),(3,4),(3,5),(4,3),(4,5),(5,3),(5,4)\}
\] Então \(\equiv\) é uma relação de equivalência.
Exemplo 6.11 Considere a relação \(R\) em \(\Z\) definido como \[
a\equiv b\quad\mbox{se e somente se $a-b$ é par}.
\] Note que \(\equiv\) é uma relação de equivalência. Também note que \(a\equiv b\) se e somente se \(a\) e \(b\) tem a mesma paridade. Ou seja, \(0\equiv 2\), \(0\equiv -2\), \(0\equiv 4\), \(0\equiv -4\), \(1\equiv -1\), \(1\equiv 3\), \(1\equiv -3\), etc, mas \(2\not\equiv -1\).
Classes de equivalência
Definição 6.6 Seja \(A\) um conjunto e \(R\) uma relação de equivalência. Seja \(a\in A\). O conjunto \[
[a]_\equiv=\{b\in A\mid a\equiv b\}
\] é chamado de classe de equivalência de \(a\) pela relação \(\equiv\). Quando não tem perigo de ambiguidade, escrevemos \([a]\) em vez de \([a]_\equiv\). Note que \([a]\subseteq A\).
Exemplo 6.12 No Exemplo 6.9, a classe de equivalência de um elemento \(a\in A\) é o conjunto \(\{a\}\). No Exemplo 6.10, temos que \[
[1]=[2]=\{1,2\}\quad \mbox{e}\quad [3]=[4]=[5]=\{3,4,5\}.
\] No Exemplo 6.10, temos que \[
[a]=\{0,\pm 2,\pm 4,\ldots\}=\{2k\mid k\in\Z\}\quad\mbox{se}\quad \mbox{$a$ é par},
\] e \[
[a]=\{\pm 1,\pm 3,\ldots\}=\{2k+1\mid k\in\Z\}\quad\mbox{se}\quad \mbox{$a$ é ímpar}.
\] Ou seja, temos apenas duas classes de equivalência, uma formada pelos números pares, e a outra formada pelos números ímpares.
Lema 6.1 Seja \(A\) um conjunto e assuma que \(\equiv\) é uma relação de equivalência. Temos as seguintes propriedades para todo \(a,b\in A\).
- \(a\in [a]\);
- se \([a]\cap [b]\neq \emptyset\) então \([a]=[b]\).
Comprovação.
- Note que \(a\in[a]\) é equivalente a dizer que \(a\equiv a\) e isso vale pois a relação \(\equiv\) é reflexiva.
- Assuma que \(c\in [a]\cap [b]\). Isso quer dizer que \(a\equiv c\) e \(b\equiv c\). Por simetria temos também que \(c\equiv a\). Afirmamos que \([a]=[b]\). Provaremos isso verificando que \([a]\subseteq [b]\) e \([b]\subseteq [a]\). Assuma primeiro que \(x\in[a]\); ou seja \(a\equiv x\). Então \[
b\equiv c\equiv a\equiv x.
\] Aplicando a transitividade, obtemos que \(b\equiv x\) e \(x\in [b]\). Portanto obtemos que \([a]\subseteq [b]\). A inclusão que \([b]\subseteq [c]\) pode ser verificado por argumento similar.
Partições
Definição 6.7 Seja \(A\) um conjunto. Um conjunto \(\mathcal P\) de subconjuntos de \(A\) é dito partição de \(A\) se
- todo elemento \(a\in A\) pertence a um subconjunto \(X\in \mathcal P\); e
- se \(X,Y\in \mathcal P\) são distintos, então \(X\cap Y=\emptyset\).
Os conjuntos \(X\in\mathcal P\) são chamados de partes ou blocos da partição \(\mathcal P\).
Exemplo 6.13 Todo conjunto \(A\) tem duas partições triviais: \[
\{A\}\quad\mbox{e}\quad \{\{a\}\mid a\in A\}.
\] O conjunto \(\{\{1,2\},\{3,4,5\}\}\) é uma partição do conjunto \(\{1,2,3,4,5\}\). O conjunto dos números inteioros pode ser particionado como \[
\{\{2k\mid k\in \Z\},\{2k+1\mid k\in\Z\}\}.
\] Ou seja, o conjunto dos inteiros pode ser particionado para o conjunto de pares e o conjunto de ímpares.
Teorema 6.1 Seja \(A\) um conjunto. Se \(\equiv\) é uma relação de equivalência sobre \(A\), então o conjunto das classes de equivalência é uma partição de \(A\).
Reciprocamente, se \(\mathcal P\) é uma partição de \(A\), então pode-se definir uma relação de equivalência \(\equiv_{\mathcal P}\) pondo \[
a\equiv_{\mathcal P} b\quad \bicond\quad \mbox{$a$ e $b$ estão no mesma parte de $\mathcal P$}
\] As classes de equivalência de \(\equiv_{\mathcal P}\) são as partes de \(\mathcal P\).
Comprovação. Assuma primeiro que \(\equiv\) é uma relação de equivalência. Seja \(\mathcal C\) o conjunto de classes de equivalência. Por item 1. do Lema 6.1, obtemos que \(a\in [a]\in \mathcal C\) para todo \(a\in A\). Então o item 1. da Definição 89.1 está verificada. O item 2. da Definição 89.1 está verdadeira para \(\mathcal C\) por causa do item 2. do Lema 6.1.
Assuma agora que \(\mathcal P\) é uma partição de \(A\) e defina \(\equiv_{\mathcal P}\) como no enunciado do teorema. Vamos verificar as três propriedades na definição Definição 6.5.
- Reflexividade: se \(a\in A\), então \(a\) claramente pertence à mesma parte de \(\mathcal P\) que \(a\) e \(a\equiv_{\mathcal P} a\). Logo \(\equiv_{\mathcal P}\) é reflexiva.
- Simetria: se \(a\equiv_{\mathcal P}b\), então \(a,b\) pertencem à mesma parte de \(\mathcal P\). Logo \(b,a\) também pertencem à mesma parte e assim \(b\equiv_{\mathcal P}a\). Portanto \(\equiv_{\mathcal P}\) é simétrica.
- Transitividade: se \(a\equiv_{\mathcal P}b\) e \(b\equiv_{\mathcal P}c\), então \(a\) e \(b\) pertencem à mesma parte de \(\mathcal P\) e \(b\) e \(c\) também pertencem à mesma parte de \(\mathcal P\). Isso implica que \(a\) e \(c\) pertencem à mesma parte de \(\mathcal P\). Portanto \(a\equiv_{\mathcal P}c\) e a relação \(\equiv_{\mathcal P}\) é transitiva.
Exemplo: Classes residuais
Como nós já discutimos, dizemos que \(a\) divide \(b\) (\(a\) e \(b\) são números inteiros) se \(b=qa\) com algum \(q\) inteiro. Neste caso pode-se dizer também que \(a\) é um divisor de \(b\) ou que \(b\) é múltiplo de \(a\). Se \(a\) divide \(b\), então escrevemos \(a\mid b\).
Defina a seguinte relação sobre \(\Z\): \[
a\equiv_3 b\quad\bicond\quad b-a=3k\mbox{ com algum }k\in\Z.
\] Pode também dizer que \(a\equiv_3 b\) se e somente se \(3\mid b-a\).
Lema 6.2 A relação \(\equiv_3\) é uma relação de equivalência sobre \(\Z\).
Comprovação. Por definição, Definição 6.5, precisamos verificar que a relação é reflexiva, simétrica, e transitiva.
Reflexividade: Se \(a\in\Z\), então \(a-a=0=3\cdot 0\). Logo \(a\equiv_3 a\).
Simetria: Sejam \(a,b\in\Z\) tal que \(a\equiv_3 b\). Então \(b-a=3k\) e assim \(a-b=-(b-a)=-3k=3(-k)\).
Transitividade: Sejam \(a,b,c\in\Z\) tais que \(a\equiv_3 b\) e \(b\equiv_3 c\); ou seja \(b-a=3k_1\) e \(c-b=3k_2\). Neste caso \[
c-a=(b-a)+(c-b)=3k_1+3k_2=3(k_1+k_2).
\] Pronto.
Exemplo 6.14 Por exemplo \(2\equiv_3 5\), pois \(5-2=3=3\cdot 1\). Temos também que \(1\equiv_3 -2\), pois \(-2-1=-3=3\cdot (-1)\). Por outro lado, \(1\not\equiv_3 -1\), pois \(-1-1=-2\neq 3k\).
Quais são as classes de equivalência (Definição 6.6)? Por exemplo, qual conjunto é a classe \([0]\) de \(0\)? Temos pela definição da classe \([0]\) que \[
[0]=\{a\in\Z\mid 0\equiv_3 a\}=\{a\in\Z\mid a-0=3k\}=\{a\in\Z\mid a=3k\}=\{3k\mid k\in \Z\}.
\] Ou seja, \[
[0]=\{0,3,-3,6,-6,\ldots\}=\{3k\mid k\in\Z\}.
\] Similarmente \[
[1]=\{a\in\Z\mid 1\equiv_3 a\}=\{a\in\Z\mid a-1=3k\}=\{a\in\Z\mid a=3k+1\}=\{1,-2,4,-5,7,-8,10,\ldots\}
\] e \[
[2]=\{a\in\Z\mid 2\equiv_3 a\}=\{a\in\Z\mid a-2=3k\}=\{a\in\Z\mid a=3k+2\}=\{2,-1,5,-4,8,-7,\ldots\}
\]
Obtemos que todo número inteiro pertençe a uma das classes de equivalência \([0],[1],[2]\). De fato se \(a\in\Z\), então o resto de \(a\) quando dividido por \(3\) é \(0\), \(1\) ou \(2\) e \(a\in[r]\) onde \(r\) é o seu resto. Assim temos apenas estas três classes.
Exercício 6.1 Seja \(n\geq 2\) um inteiro e defina a relação \(\equiv_n\) sobre \(\Z\) na seguinte forma: \[
a\equiv_n b\quad\mbox{se e somente se $b-a=kn$ com algum $k\in \Z$}.
\] Descreve as classes de equivalência para a relação \(\equiv_n\).
Mais duas relações
Os seguintes dois exemplos importantes serão tratados como exercícios.
Exercício 6.2 Seja \(A=\N\times \N\) e defina a seguinte relação sobre \(A\): \[
(a,b)\equiv (c,d)\quad\bicond \quad a+d=b+c.
\]
- Mostre que \(\equiv\) é uma relação de equivalência.
- Ache as classes de equivalência dos elementos \((1,2)\), \((2,4)\), e \((3,5)\).
- Dê uma descrição de todas as classes de equivalência.
Exercício 6.3 Seja \(A=\Z\times \Z\) e defina a seguinte relação sobre \(A\): \[
(a,b)\equiv (c,d)\quad\bicond \quad ad=bc.
\]
- Mostre que \(\equiv\) é uma relação de equivalência.
- Ache as classes de equivalência dos elementos \((1,2)\), \((2,4)\), e \((3,6)\).
- Dê uma descrição de todas as classes de equivalência.
Relação de ordem
Definição 6.8 Seja \(A\) um conjunto e \(R\) uma relação em \(A\). Dizemos que \(R\) é uma relação de ordem (ou ordem parcial) em \(A\) se
- \(R\) é reflexiva (\(aRa\) para todo \(a\in A\));
- \(R\) é antisimétrica (se \(aRb\) e \(bRa\) então \(a=b\) para todo \(a,b\in A\));
- \(R\) é transitiva (se \(aRb\) e \(bRc\) então \(aRc\) para todo \(a,b,c\in A\)).
Exemplo 6.15
Se \(A\) é um conjunto de números, então as relações \(\leq\) e \(\geq\) são relações de ordem, mas as relações \(<\) e \(>\) não são relações de ordem pela Definição 6.8 (pois elas não são reflexivas).
Assuma que \(X\) é um conjunto e seja \[
A=\{Y\mid Y\subseteq X\}.
\] As relações \(\subseteq\) e \(\supseteq\) são relações de ordem sobre \(A\).
Seja \(A=\N\) e considere a relação \(\mid\) de divisibilidade. Em outras palávras, \(a\mid b\) se e somente se \(b=qa\) com algum \(q\in\N\). Então \(\mid\) é uma relação de ordem sobre \(A\). Note que a mesma relação não é relação de ordem sobre \(\Z\), pois \(2\mid -2\) e \(-2\mid 2\), mas \(-2\neq 2\). Ou seja, \(\mid\) não é antisimétrica em \(\Z\).
Ordem total ou linear
Definição 6.9 Seja \(R\) uma relação de ordem sobre o conjunto \(A\), Dizemos que \(R\) é uma ordem total ou ordem linear se \[
aRb\quad \mbox{ou}\quad bRa
\] vale para todo \(a,b\in R\).
Exercício 6.4 Entre os exemplos no Exemplo 6.15, 1. é ordem total, mas 2. e 3. não são ordens totais.